quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Números são números e não há como mascará-los:
1 milhão de adultos obesos e 3,5 milhões de p-obesos em pouco mais de 10 milhões de portugueses (veja AQUI a notícia). E ainda faltam as crianças onde estas cifras são ainda mais preocupantes.

Em situação de crise económica como a que estamos a atravessar, as famílias mais carenciadas estão mais expostas ao risco nutricional. Com menos orçamento familiar é necessáro recorrer a produtos alimentares muito calóricos, disponíveis, altamente saciantes e baratos. Este tem sido o objetivo da indústria alimentar, disponibilizar tudo isto dentro de uma embalagem colorida que chame a atenção, de preferência com um inscrição do tipo "nova receita", "rico em vitaminas" ou "light".

Na minha opinião, a indústria alimentar tem, atualmente, um novo desafio e uma nova responsabilidade: disponibilizar alimentos saudáveis e contribuir para, rapidamente, reverter as taxas de excesso de peso e obesidade. Será que aceitam o desafio? Estou sempre a repetir isto aos meus alunos, futuros Engenheiros Alimentares!

Comer bem não é sinónimo de gastar muito dinheiro. Comer bem pode ser mais barato do que comer mal, é uma questão de escolha dos alimentos certos. Este foi o lema de uma campanha denominada "Comer bem é mais barato" (ver AQUI) que disponibiliza um livrinho de receitas com 7 ementas a 1€ por pessoa

Digamos que é bom, barato e dá milhões de minutos de saúde e bem estar.

Para quem esvaziou a abóbora para comemorar o Halloween deixo uma sugestão para aproveitar a polpa:


Puré de batata e abóbora:

800g de batatas descascadas, 200g de abóbora limpa de fios, pevides e casca, 30g de margarina, 200ml de leite aproximadamente, sal, pimenta e noz moscada q.b.
 
Colocar as batatas cortadas em cubos pequenos e a abóbora numa panela com o leite. Temperar com sal. Levar ao lume e quando começar a ferver baixar o lume e deixar cozer lentamente durante 30 min. Passar pelo passe-vite aproveitando o leite onde cozeram as batatas. Adicionar a margarina, a pimenta e a noz moscada e mexer bem. Se for necessário adicionar mais leite para obter a consistência de puré que mais gosta. Antes de servir aquecer bem no microondas.

Na Bimby: Colocar as batatas, a abóbora, o leite e o sal no copo da Bimby com a borboleta. Programar 90ºC/40 min/vel 1. Adicionar a margarina, a pimenta e a noz moscada. Bater o puré 30 seg./vel 3.

  


terça-feira, 22 de outubro de 2013

Será que estou mesmo a ler bem? "Iogurte Líquido Sensação Sabor a Pastilha Elástica de Melão". É isso mesmo... ao lado do Iogurte Líquido Sensação Sabor a Iced Tea de Pêssego e por cima do Iogurte Líquido Sensação Sabor a Cheesecake Morango/Tiramisu (comprove com os seus olhos AQUI). Isto é que é imaginação...  Estas são três variedades de iogurtes líquidos da marca branca Modelo/Continente que podemos encontrar em qualquer supermercado da referida cadeia. Estes "desvarios alimentares" ocorrem noutras marcas brancas e também em marcas de fabricante.

Uma dose individual com cerca de 180 g tem mais de 20 g de açúcar (mais de 3 pacotinhos de açúcar do café), o que o torna praticamente numa sobremesa. Esta é a minha "birra" com os iogurtes: um alimento que deveria ser equilibrado e saudável foi transformado num produto alimentar cujo interesse nutricional levanta algumas dúvidas. 

Mas porque é que um iogurte não pode saber a iogurte? Porque é que os iogurtes têm de ser adicionados de sabores, aromas e açúcar que só servem para o tornar num alimento menos saudável? Sabor a pastilha elástica de melão? Nem sabia que existiam pastilhas elásticas com sabor a melão...

E o mais inacreditável é que alguém compra estes produtos, senão já não estavam no mercado. O consumidor tem um enorme poder de regulação da oferta alimentar de que não deve abdicar. Só está à venda o que alguém compra o que me leva tristemente a concluir que os iogurtes com sabor a pastilha elástica de melão são comprados e consumidos.

Esta foi a inspiração para dar uso a um melão que não era muito saboroso e que já se arrastava pelo frigorífico sem um fim mais nobre que não fosse o caixote do lixo. Fiz uma compota de melão que tem sido utilizada para fazer "verdadeiros" iogurtes de melão.


Compota de melão:

1Kg de melão, 500g de açúcar amarelo

Descascar o melão e cortar aos cubos. Acrescentar o açúcar e levar ao lume até o melão começar a desfazer (cerca de 1/2 hora). Se o melão ficar com pedaços muito inteiros desfazer ligeiramente com a varinha mágica. Como esta compota não tem muito ponto guardo-a no frigorífico.


Iogurtes de melão:

A receita base do iogurte é sempre a mesma, ver AQUI.   
Dicas para quem não consegue obter iogurtes:
  • Pode usar leite meio gordo em vez de leite magro, ficam mais cremosos; eu utilizo sempre leite do dia pasteurizado.
  • O leite deve ser aquecido mas não demais para não matar as bactérias do iogurte, deve estar morno.
  • Misturar bem o iogurte com o leite em pó, o açúcar e um pouco de leite.
  • É sempre melhor usar uma iogurteira que permite manter a temperatura constante durante todo o tempo da fermentação. Se não tem este equipamento pesquise na OLX ou outro site semelhante onde vai encontrar preços muito simpáticos.
  • Deixe os iogurtes a fermentar durante 12 horas, se passar mais uma hora não faz mal, menos não.
No caso destes iogurtes coloca-se um pouco de compota de melão no fundo dos copinhos do iogurte e adiciona-se a mistura sem adição de açúcar pois já tem o açúcar da compota. Deixar na iogurteira durante 12 horas.
O resultado é um verdadeiro Iogurte de melão:

Bom apetite :)
   

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Hoje comemora-se o Dia Mundial da Alimentação, o que é um bom pretexto para refletirmos um pouco sobre como nos alimentamos. Estas são algumas imagens de um documentário intitulado "Globesity: fat's new frontier" (pode ver AQUI) que mostrei hoje aos meus alunos para assinalar este dia.




A obesidade é um problema do Mundo inteiro e não só dos países ricos. O ambiente alimentar em que vivemos está repleto de produtos alimentares com uma grande densidade energética e um reduzido valor nutricional, muito ricos em gorduras e açúcares. Estes produtos alimentares já chegaram a países como a China, o Brasil, a Índia e o México onde as taxas de obesidade atingiram valores muito elevados em pouco mais de uma década. Estes países, com economias emergentes, revelam-se oportunidades para as empresas alimentares e surgem no dia a dia imagens como estas:




Nós, adultos, somos livres de escolher a nossa alimentação mas temos a responsabilidade de alimentar bem as nossas crianças. Se não puder ser "Filho de peixe sabe nadar", então que seja "Faz o que eu digo, não faças o que eu faço".


Beringelas recheadas:

3 beringelas, 1 cebola média, 2 dentes de alho, 20 ml de azeite, 4 colheres de sopa de polpa de tomate, 400 g de carne de vitela picada, queijo mozarella ralado, sal, pimenta, noz moscada e oregãos

Abrir as beringelas ao meio no sentido longitudinal e colocá-las no forno aquecido a 150ºC durante meia hora. Entretanto picar a cebola, os dentes de alho e colocar num tacho com o azeite. Acescentar a polpa de tomate e deixar cozinhar um pouco. Retirar o interior das beringelas deixando um rebordo inteiro. Cortar a polpa da beringela em quadradinhos e adicionar à cebola e tomate. Deixar cozinhar até estar macio e triturar com a varinha mágica. Acrescentar a carne picada, temperar com sal, pimenta, noz moscada e oregãos e deixar cozinhar durante 15 minutos. Rechear as beringelas com o preparado de carne, cobrir com queijo mozarella e levar ao forno cerca de 15 a 20 minutos, até o queijo derreter e ficar tostado.  



sexta-feira, 4 de outubro de 2013

"...
- Traz-me uma abóbora - disse a fada madrinha. E transformou a abóbora num coche.
...
- Mas, antes de mais, um aviso. Tens de vir-te embora antes de o relógio bater as doze badaladas. À meia-noite tudo volta ao que era antes.
...
Ao descer as escadas do palácio, perdeu um dos sapatos de cristal. ...dez.. onze... DOZE!!!
O coche transformou-se em abóbora..."

A história não diz o que aconteceu a esta abóbora mas, para ser um conto de fadas perfeito, foi usada para fazer uma deliciosa sopa que foi servida no casamento do Príncipe com a Cinderela.

A forma mais tradicional de consumir abóbora é incluí-la na base das sopas, substituindo parte da batata, o que torna a sopa menos calórica e mais rica em sabor e vitaminas. De  facto a abóbora é muito rica em vitamina A muito importante para a visão, pele e reforço do sistema imunitário.

Na abóbora tudo se aproveita - é um fruto zero desperdício. A polpa, a casca (encontram-se muitas receitas de casca de abóbora, confesso que ainda não experimentei mas vou fazê-lo), as sementes (muito ricas em ferro, zinco magnésio e fósforo) e até as flores de abóbora masculinas (não dão fruto, são apenas necessárias para a polinização e são um petisco recheadas e cozinhadas no forno ou passadas por polme e fritas).

E já que o Outono nos traz estes ingredientes, há que aproveitá-los o melhor possível. Uma das abóboras da minha horta My Farm (http://www.myfarm.com.pt/index.php/pt/)


foi transformada num acompanhamento aromático e saboroso, ideal para carne assada.


Abóbora no forno com caril e alecrim:

Descasque um pedaço de abóbora e limpe de fios e sementes. Corte em fatias com cerca de 0,5 cm e disponha num recipiente que possa ir ao forno fazendo camadas. Temperar com sal, caril em pó, alecrim fresco e um fio de azeite. Tapar com papel de alumínio e levar ao forno previamente aquecido a 150ºC durante 10 minutos. Retirar o papel de alumínio e deixar mais 10 minutos ou um pouco mais até a abóbora estar macia. 

 
Fácil, não é? E cheio de cor, aromas, sabor e coisas boas! Um coche, nos dias de hoje, não dava jeito nenhum...